22.7.09

E ENTÃO? QUERES NAMORAR COMIGO?


Foi há um ano atrás que tudo aconteceu. Claro que este dia já era muito especial para nós, tal como para todas as pessoas que se gostam. Mas para nós era mais. Porque somos os dois muito românticos, e ligamos a estes dias que as pessoas inventam para receberem presentes e que nós aproveitamos para nos olharmos com um sorriso cúmplice que só nós sabemos o que quer dizer. E também só nós, é que sabíamos o que queria dizer a tatuagem provisória em forma de carácter chinês, que fizemos nesse dia à tarde no tornozelo, tu no esquerdo e eu no direito. É quase meia-noite quando a caminho da praia te ofereço as nossas pulseiras em forma de algema. Eu coloco-te uma e tu fazes-me o mesmo. Sabemos que estarmos juntos não é uma prisão, mas algemamo-nos um ao outro como símbolo de união, e assim também sabemos, que cada vez que olharmos o pulso, do outro lado existe alguém muito especial que encaixa perfeitamente na ranhura desta algema. Ofereces-me um bouquet de flores, que não é um bouquet de flores, mas de uns bombons com o sabor do teu sorriso e do teu olhar de criança doce. Doce e misterioso, consegues guardar e esconder nesse olhar, tão bem as surpresas, que por momentos pensava eu que não tinhas nada para me oferecer, e afinal não sabia mesmo o que me esperava. Escolhemos uma duna num canto na noite, eu estendo o cobertor vermelho, deitamo-nos a ouvir as estrelas e a ver o barulho do mar nas nossas bocas e percebo que naquela se fez magia. Alguém tinha estado ali antes de nós, tenho a certeza, e tinha pintado aquelas estrelas, e a areia e o mar, e pintou-te a ti também, pois era tudo tão perfeito, que temi que este romance não fosse real. Mas o que eu não sabia é que o pintor tinha mais uma tela, e te pintou um embrulho que me dás para a mão e dizes: isso não é para ti, é para nós usarmos. E desembrulho dois flutes vermelhos em vidro tosco, e vejo surgir da paleta uma garrafa de Moe Chandom. Não digo nada. Ficamos nos olhos um do outro a brindar aquela noite, e quase que me esqueço do bouquet. Esse bouquet que não é de flores. Esse chocolate que te ponho na boca, é feito da magia desta noite, e este que derrete na minha, és tu, chocolatinho. E se eu desenhasse uma música, esta noite, as notas eram as estrelas que saltitavam a cada onda do mar e se afundavam na areia para desaparecerem no Champanhe, num refrão de chocolate. E em arrepios de frio, abraçamo-nos, fechamos os olhos escondidos neste cobertor e quase que conseguimos ouvir essa musica. E também ouvimos a voz do homem que aparece não sabemos muito bem de onde e que admirado de nos ver ali, aquela hora a comer bombons e a beber champanhe, e sem perceber nada nos pergunta qualquer coisa que também nós não percebemos, mas respondemos-lhe que não, e que deve ser muito longe dali. E não sabia eu, que muito longe dali havia mais surpresas, uma janela em postal onde vejo esse coração vermelho que espanta todos os espíritos à janela do meu quarto, depois de um ano. E antes do frio apertar, e o teu corpo começar também a arrefecer e já não conseguir aquecer o meu, e antes de irmos pendurar o coração, fecho os olhos, ouço o mar, vejo as estrelas, sinto a tua mão, e sei que sou feliz. Tu olhas-me entre dois bombons e perguntas-me: e então, queres namorar comigo? E eu beijo-te que sim. Que sim. Sim. O que esperavas que te respondesse? O que é que se responde quando se está deitado na praia à meia-noite do dia de São Valentim, a ouvir o mar, a ver as estrelas, a comer bombons de chocolate e a beber Moe Chandom? Se te dissesse que não, no mínimo deixavas-me ali na praia deserta ao frio, pegavas no carro e ias-te embora para sempre. Mas para sempre quero eu ficar contigo, e vamos no bom caminho porque já estamos juntos à um ano e a tua rosa está em água para não desmanchar o arranjo, o poema no postal, os chocolates da Godiva no saco, e o restaurante à nossa espera. E quando for quase meia-noite deste ano, vou-te dizer que sim, que então, ainda quero namorar contigo.
ao meu chocolatinho
escrito em 11.05.07

11 comentários:

Pralaya disse...

Adorei mais uma vez este texto teu, deve ser por pensar que no fundo até sou um pouco romântico, e o texto descreve um momento muito especial. Espero que tenha acontecido mesmo e se aconteceu espero que sejas um dos protagonistas do momento...

o_ParaKedista disse...

Gostei imenso. A história da minha própria vida pode ser confundida com partes da tua história.
E, claro, eu venero Almodóvar! Abraxos ;)

peter_pina disse...

entao temos de conversar + , os 3!

sim, aconteceu....

Denise disse...

E ao ler a tua história, que sei que é verdadeira, fiquei a pensar...
Eu sempre "arranjei" maneira de passar o dia de São valentim sozinha...
Gostei do teu texto.

Beijinhos*

Nuno Gonçalo disse...

Não gosto do dia de S. Valentim. Estou sempre sozinho nesse dia... Tal como tu Denise :S
Mas quando posso faço da minha vida um dia d s. valentim...
Bem como sabes já nem sei o que te dizer sobre os meus textos.
abraço
[n tens msn?]

disse...

parabens ;)
1 ano celebrado com Moet fica sempre bem...

Martinha disse...

Adorei o teu texto. ;)
É bom ter algum romantismo na nossa vida. Ganha outro colorido.
^^
*

(acho q vou adicionar-te. tenho passado por aqui e gosto imenso dos teus textos! =P)

vinte e dois disse...

A tua história fez-me voltar uns anos atrás e relembrar bons momentos de um passado que nunca mais voltará. E soube-me bem recordar.. :)

Phantom of the Opera disse...

Nada a dizer a não ser venha outro ano.

:)

Anónimo disse...

sempre fui tua namorada e continuarei para sempre my love, venho deixar-te aqui 2 ganda beijos,vou até á gronelãndia, talvez volte no inverno (a gente comunica-se sms.e continua a mostrar a tua escrita, jásabes o quanto deliciosa ela é.
amor eterno mon peter pan.(agora terás que vir cá a casa pra me ver,)smak!smak!

peter_pina disse...

oh....obrigado a todos pelos vossos comentários e carinho... dão-me mesmo força para aquilo k pretendo: reunir o maior numero de crónicas e propor-me a editá-las num livro!