19.7.09

THE BEAUTY AND THE DATE




Hoje vamos oficialmente sair juntos. Quer dizer, não será bem oficialmente, porque será às escondidas, e ele não sabe. Mas será a nossa primeira saída a sério, juntos. É o nosso primeiro verdadeiro encontro, mas às escondidas. Como os americanos dizem “a date”. Tonight I haver a date. Dei-te a certeza de que ia ter contigo às 20h, de maneira que é melhor despachar-me, não quero chegar “leite” ao date! Já desliguei o telemóvel, e na ponta da língua está já colada “Fiquei sem bateria, e adormeci no sofá, a ver televisão!” para quando ele amanha me fizer o interrogatório diário. Mas eu não quero saber dele, nem dos interrogatórios, nem das prisões. Talvez se ele não me tivesse prendido tanto, eu hoje não tinha tanta necessidade de fugir. Fujo até ao Chiado à procura de alguém que me salve de tudo isto, e sobretudo de dele. O sobretudo, continua preto, deve ser tradição, mas hoje é a minha vez. Não tão comprido como o teu, mas com uma vontade imensa de te ver depois deste tempo todo. Combinamos na estátua do Camões, às 20h. E exactamente à hora marcada, estou literalmente em pé no último degrau da estátua. Vejo-te ao longe. Lindo. Caminhas, numa elegância aparentemente calma. Mas só aparente, pois os teus olhos vibram e espelham um forte abraço, de quem quer esmagar o meu corpo contra o teu, e permanecermos assim toda a noite, fundidos um no outro, a fingirmos que a realidade não existe e que tudo nos é permitido. O teu sorriso pinta-te a cara de todas as cores e quase te faz voar até à estátua e pegar na minha mão. E eu penso, quero que todos os nossos encontros sejam tão mágicos como este nosso primeiro encontro. Olhamo-nos. Ficamos parados a olharmo-nos com cara de parvos e a sorrir. Levas-me a um restaurante Indiano, ali no Bairro Alto, e sentados num tinto óptimo, começamos como que a falar. Provavelmente devemos estar a falar, as nossas bocas mexem-se, temos quase a certeza que por cima da Chiken Masala ecoa um som, acompanhado ao ritmo da gesticulação das nossas mãos. Mas os nossos olhos fundem-se. Cruzam-se e faíscam. Existe uma luz, um brilho tão intenso que daria para iluminar toda a cidade. Parece que alguém faz uma semana depois a árvore de Natal, mas que coloca a estrela no topo da nossa mesa. E uma semana depois da consoada, este jantar é o nosso presente de Natal. Não sabemos os que dizemos. Parece que é a primeira vez que estamos juntos e soltamos em liberdade palavras e frases nem nexo, mas que preenchem a mesa do jantar. Estarmos aqui, finalmente juntos, já tem nexo suficiente, as palavras não importam. O sentido somos nós e os nossos olhos, que de seguida vão olhar o écran de cinema num escuro aconchegante. Mas antes levas-me a tua casa. É no teu sofá cor-de-laranja que finalmente nos abraçamos e damos o nosso tão esperado beijo. Adorei conhecer a tua casa. Adorei estar nos teus braços, nesse sofá que ainda há-de marcar as nossas vidas. Continuamos sentados, mas agora não estamos abraçados, mas é como se estivéssemos. É um filme com a Sarah Jessica Parker, que nos faz rir das mesmas piadas, soltar uma lágrima contida e envergonhada, e apertar as mãos um do outro, como se nunca mais nos quiséssemos largar. Talvez a magia desta noite esteja na efemeridade de tudo isto, e vivemos cada segundo como se fosse o último, pois tememos não nos voltarmos a ver, ou pelo menos desconhecemos a data de um próximo date. Estar contigo no cinema, e ambos somos apaixonados por cinema, deitar a cabeça no teu ombro, dar-te a mão, olhar para ti de soslaio numa cena mais calma ou mais escura, ouvir a tua gargalhada colar-se à minha, sentir a tua mão apertar a minha com mais força numa cena mais romântica, parece tudo tão perfeito, que não consigo distinguir se sou eu que estou no cinema, ou se é a Sarah Jessica Parker que está aqui sentada a ver um filme de um sonho perfeito num écran apaixonado de duas pessoas que temem não voltarem a verem-se. Levas-me a casa. Estacionas do outro lado do prédio. O silencio penumbra o teu carro. A hora da despedida é sempre a mais cruel do relógio. O nosso até já, pode tornar-se num até sempre e um medo terrível invade-nos. As minhas lágrimas dizem-te que te quero muito, mas não desta maneira proibida, às escondidas. Ainda me sinto numa prisão, e é preciso primeiro libertar-me dela para poder deitar-me finalmente no teu peito e adormecer, sem sentir culpa. Tu entendes. Tu entendes sempre tudo. Foste tu que criaste a compreensão. Entro em casa e só penso em ti. Penso que quando eu menos esperava, o sonho de criança se materializou em ti e nesta noite. És tu a imagem dos meus sonhos e criações imaginárias de adolescente. Mas será no tempo errado? Ou não existirá erro, e o sentido de tudo isto, é causa-efeito, ou depois da tempestade vem a bonança, e é preciso um príncipe para nos mostrar que nos podemos libertar das garras de um beast do alto da masmorra, para que beauty posso viver o grande amor da minha vida, que és tu?


(ao chocolatinho)
27-02 - 07

5 comentários:

Anónimo disse...

ah..meu eterno apaixonado,és tão bonito, tão meigo,tão deliciosamente tu.nota-se uma evolução na escrita( li tudo de enfiada e era pra comentar um a um, mas na pressa de ler tudo..)
identifico-me em tanta coisa..ai os chocolates;ai as esperas, ai os novos alentos, as novas forças, ai ai,ai tu és tão enormemente terno..
apetecia-me dormir ao teu lado esta noite,e na próxima, e mostrar-te toda vaidosa a todo o mundo e dizer: é só meu minhas cabras! e fingir que eras o meu príncipe, e beijar-te nos lábios, e deixá-las roerem-se de inveja..
e hoje és uma cara que não conheço, e hoje és um corpo desconhecido, e hoje és um homem que eu conheci eternamente delicado. e hoje era-me grata a tua presença, e hoje continuo a gostar imensamente de ti
e amanhã será igual
adoro-te.

Anónimo disse...

e agora venho repetir o que já disse (pra ver se desaparece da postagem o "o comentários"
É QUE NÃO QUERO PASSAR DESPERCEBIDA,TÁS A OUVIR???
he.hehe..mtos beijinhos meu peter pan.smak!

peter_pina disse...

.........só hj li o teu comentario, e ainda bem k o fiz

porque hj n me estou (estava?) a sentir bem...e fizeste sorrir e desenhaste uma lágrima no canto do olho esquerdo...

obrg

obrigado

(axo k é a primeira vez k estou tao triste no meu dia de aniversario)

Anónimo disse...

ó my love,..inda bem então; mas no próximo ano, nem penses ficar sózinho,é só ligar e vir que eu proporciono-te logo 1 ganda festa´,TÁS A OUVIR??..
tanbém não estás assim tão longe, metes-te num comboio( já que gostas tanto e até te divertes, he.he..)numa hora tás no entroncamento que em 15m vou-te buscar; certo?
espero que a má onda já tenha passado,e não ganhas nada em remoer,por isso já sabes..vem até cá;sou a melhor terapia que possas ter.
mtos bjinhos e parabéns; agora já tás maior, deves tar ainda mais giro,e caga nisso,a roda gira sempre, o outro lado demora mas chega.
toma lá 1 abraço daqueles de deslocar 1 costela.
smak! smak! smack!!
gosto sempre muito de ti meu peter pan.

Denise disse...

Digamos que não sou só eu que escrevo bem....
Damn que texto e o pior/melhor de tudo é que me conseguiste por a pensar em 1001 coisas ao mesmo tempo e me fizeste ter vontade de voltar uns tempos atrás e mudar umas coisas...
Pensa que nem que seja daqui a meses/anos, essa noite se vai voltar a repetir, porque vocês querem, e que vai ser tão bom que os dias que agora vos separam não vão ter importância nenhuma... (Não sei se me faço entender...)

"A hora da despedida é sempre a mais cruel do relógio." Esta é sem dúvida a frase que vou levar comigo....Aquela que de tudo o que li nunca vou esquecer!

Beijinhos*