18.7.09

NUM ALGODÃO DOCE COR-DE-LARANJA





Estás deitado na tua cama. Há quanto tempo estás deitado nesta cama? Não sabes. Mas hoje, este pequeno cor-de-laranja parece ter um outro brilho. Hoje, a cama parece mais pequena. Todas as noites, a cama parece-te tão grande. Ficas perdido numa grande cama cor-de-laranja. Mas hoje, esta cor, mudou de cor. Trazes contigo os meus olhos doces e deixas pintar toda a casa com o meu olhar que guardas em ti. Sabes que um dia eu me vou deitar nesta cama, aqui mesmo ao teu lado. Vou deitar a minha cabeça no teu peito, e vou dar-te um beijo de boa noite, e será um adormecer terno em algodão doce cor-de-laranja. Quando viste o meu olhar, sentiste que era eu. Ficaste por mim. Temeste não voltar a ver-me, e por isso ficaste disfarçadamente a contemplar os meus olhos doces. Os meus olhos tristes a pedirem colo. Tu dás-me colo. Vem. Vem para mim, pensas. Deita-te aqui ao meu lado. Vejo-te aqui na minha cama, como nesse dia me vi a mim mesmo deitado na tua, dizes. E que um dia eu irei dormir nessa cama, abraçado a ti. E pedes a Deus que me leve para a tua vida. Pedes-lhe todas as noites. Deitado no cor-de-laranja da tua cama, pedes-lhe. Perguntas-te se eu penso em ti. Pensas em mim? Viste os meus olhos a olharem os teus? Percebeste o meu olhar? Percebeste que entraste em mim e que jamais irás sair? Perguntas muitas coisas e tens-me dentro de ti. Sabes que eu penso que não olhaste para mim. Mas olhaste. Olhaste e viste os meus olhos doces. É assim que os chamas. É assim que me chamas. Sabes que penso que não falaste comigo, mas falaste. Talvez eu não te tenha ouvido, mas falaste muito mais do que eu possa imaginar. Mas não podias dize-lo por palavras. Era-te proibido. Tal como te é proibido quereres-me, sonhar-me. Não querias que ele desconfiasse que desejas fundir-te em mim e trazer-me para a tua vida. Por isso fingiste não me ver. Mas tu viste-me. Viste tudo. Viste que eu não estava feliz. Viste que preciso urgentemente de colo. E viste que estás aqui, de braços abertos, à minha espera. E pedes a Deus que me traga para a tua vida. Pedes-lhe todas as noites. Sabes que te é proibido amar-me. Mas também sabes que vivo na tortura de alguém, que não me faz sorrir. Eu não sorri uma única vez. Deixa-me ensinar-te a sorrir, pensas. Eu seguro na tua boca com as minhas próprias mãos. Moldo-te um sorriso feliz e seguro nas pontas da tua boca até elas terem vida própria e esse sorriso nunca mais sair de ti. Tens uns olhos doces de criança frágil. Eu dou-te colo. Sento-te no meu sofá cor-de-laranja, dou-te pipocas à boca enquanto rimos beijos a noite inteira. Podemos até adormecer cobertos de pipocas. E as pipocas serão cor-de-laranja, de um alaranjado doce neste algodão. Depois levo-te ao colo, nos meus braços, bem perto do meu peito, até ao outro algodão doce, a minha cama. Dizes tu baixinho na tua cama cor-de-laranja. Vês, como te desenho eternas noites de paz? É proibido pensar em ti? É proibido sentir o meu peito ofegante e um brilho nos olhos que me traz os catorze anos, cada vez que penso em ti? Perguntaste. Talvez seja proibido. Mas amar não pode ser proibido. Desenhares-me um sorriso não pode ser proibido. E a lei que não te permite aproximar de mim, não será mais forte que a lei que me permite ser feliz. E sabes que a minha felicidade é ao teu lado. Porque sabes, que a tua felicidade é ao meu lado. E hoje, que sabes, não vais desistir. Não vais desistir de mim. Não vais desistir daquilo que sentes. Vais lutar por mim. Vais lutar por mim. E sabes que lutas por um “nós” que se há-de aproximar. Tu nunca vais desistir. Ouves-me? Eu nunca vou desistir de ti. E peço a Deus que te traga para a minha vida. Peço-lhe todas as noites. E deito a cabeça nesta almofada, e abraço-me a esta outra, esperando o dia em que me possa abraçar a ti. E adormeço nos teus olhos, e percebo que foi essa mesma doçura, que transformou o meu sofá, a minha cama, a minha vida, num eterno e fofo algodão doce cor-de-laranja, pensas tu enquanto adormeces abraçado a essa grande almofada cor-de-laranja.




(ao meu chocolatinho)



escrito dia 21.08.2007

7 comentários:

Conguitos disse...

Essa luta por nós tao sentida. Acho que sim que ainda devemos acreditar que faz sentido lutar por um sentimento partilhado e não algo individualista.
Pena é que ao minimo problema se desista de o tentar alcançar :(

Anónimo disse...

Não há nada como a partilha! Transforma-nos!


abraço*

Martinha disse...

Uma partilha muito cor-de-laranja.
Gostei :) *

Paulo disse...

Anti- egoismo...
Abraço
Paulo

Marco Fav disse...

Tu deixas o gato dormir na tua cama?! Que falta de higiéne!LOL
Que sentimental que estàs (não é critìca, é quase inveja, pois tenho tão poucos sentimentos por vezes). Muitos momentos de felicidade e que, se é de algodão doce laranja que gostas, que morras de diabetes por nunca te privares!

abraço

Denise disse...

Deixa-me pensar... Sei quem são, tentei compreender e algumas das frases quase me cortaram a respiração. Li de novo, passei os olhos por cima das frases, fixei o que achava que me podia magoar e que sei que magoou quem as escreveu. Deixei as palavras invadirem-me e fiquei com um aperto no peito, um nó na garganta. OK, não te sei explicar nada disto, estou a tentar. Tem a ver com a nossa conversa que não chegou a ser conversada?! O menino cor de laranja não desiste, sei que não. Tenho tentado chegar a ele para tentar entender a sua forma de agir. Mas e o Chocolatinho?! Esse não pode, depositei metade da minha confiança nele, nesse tema.
Será que tou a fazer uma trapalhada? Achas que me compreendes?! É que eu acho que compreendi... Quer dizer, compreendi o que li e consegui sentir...

Beijinho amigo!*

Anónimo disse...

Migo... sem palavras... A unica coisa que nao tem remedeio e a morte, por isso bola para a frente que atras vem gente... =)

Não te esqueças que temos umas ferias para gozar...

Bjokas grandes ó apanhado da chuva!!!