22.6.07

À ULTIMA DA HORA!


Deixo sempre tudo para a última da hora. Sou adepto do: “Se podes fazer amanhã, porquê fazer hoje?” Mas desta vez levei ao limite este lema. Combinei comigo mesmo ir ver os meus pais no meu primeiro fim-de-semana de férias de Agosto. Já tinha tudo programado, e as saudades apertam-me o saco de viagem, que foi ele também feito apenas na manhã antes de partir. Duas horas antes do comboio, enfio umas t-shirts, uns jeans, a escova de dentes e uns cremes, numa pequena mochila preta com a bandeira do Brasil, que me parece realmente ser um formato muito mais adequado para uma viagem de apenas dois dias, e eu detesto andar com muita tralha atrás de mim. E como sou muito distraído, fico na linha 1 à espera do comboio, a falar contigo ao telemóvel, quando reparo que faltam apenas 5 minutos e não está ali ninguém. Suspeito que algo de muito estranho se passa. Só posso chegar as duas conclusões: ou não vai ninguém viajar comigo, o que significa que tenho as carruagens todas à minha disposição para andar a correr de um lado para o outro e poder sentar-me em todos os lugares, para concluir qual o melhor e mais confortável, ou então, enganei-me na linha. Desligo o telemóvel, e percebo que estou na linha errada. Vou a correr de mochila às costas para a linha 4. Procuro rapidamente a minha carruagem. Encontro o meu lugar. Sento-me. O meu lugar é à janela. Ainda bem, porque não gosto nada da cara do meu companheiro de viagem, e assim sempre posso ir a recordar a paisagem que me leva a casa. O revisor rasga-me o bilhete, guardo-o novamente na mochila e aproveito para tirar um scone de chocolate que comprei no Continente do Vasco da Gama. Afinal, duas horas deram perfeitamente para fazer a bagagem, ir de metro até ao Oriente e ainda me sobrou tempo para ir às compras. E eu adoro ir às compras antes de viajar, o problema é que compro sempre imensas coisas desnecessárias. Lembro-me sempre de comprar um livro para ler, e como sou muito indeciso, compro dois, que apenas começo a ler dois meses depois. Só por acaso, estamos em Novembro e ainda não li nenhum desses dois. Compro também imensas bolachas, porque acho que vou morrer de fome durante a viagem, ou então uns bolinhos artesanais que costumam estar em exposição lá na gare do Oriente. Às vezes, compro também um bloco de notas às cores que achei engraçadíssimo, e que tem de ser meu, ou um peluche em miniatura pelo qual me apaixonei à primeira vista. Como o tal scone de chocolate, e ao guardar o bilhete, lembro-me da aventura que foi comprá-lo. Estive a semana toda a dizer que o ia comprar numa caixa Multibanco, que era muito mais simples e prático. Mas todos os dias quando chegava a casa, inventava sempre uma desculpa para me desculpar a mim mesmo por não o ter comprado. Chego à noite de véspera, sem o bilhete. Tento comprá-lo na caixa Multibanco mesmo ao lado do meu prédio. O visor avisa-me que por dificuldades de comunicação não consegue efectuar a operação. A operação já podia ter sido efectuada, se eu não fosse tão preguiçoso e não levasse à letra o meu lema “Porquê fazer hoje, se posso fazer amanhã?” Tu que estás ao meu lado, e que depois das onze da noite já não estás lá com muita paciência para os meus lemas, metes-me no carro e vamos até Santa Apolónia. Com alguma dificuldade, lá arranjamos um lugar para estacionar o carro, e vamos mais uma vez tentar comprar o meu bilhete, depois de termos depositado algumas moedas à nova espécie de seres humanos – os arrumadores de carros – e este ter grunhido qualquer coisa, que não temos tempo para decifrar. Entramos na estação de comboios, e as bilheteiras estão fechadas. Vamos ao outro lado, ver se existe alguma outra, mas é evidente que perto da meia-noite já ninguém ficou à minha espera, para me vender à última da hora o acesso que me levará a casa dos meus pais. Já estou quase a desistir, e ainda bem que ainda nem fiz a mochila, assim não tenho de a desfazer novamente, quando tu te lembras que existem umas máquinas expresso para bilhetes. Encontramos uma, mesmo à porta. Da primeira tentativa ela ignora-nos, mas na segunda lá me cospe o meu bilhete. De bilhete na mão, lá voltamos para o carro e antes de nos pormos a caminho de casa lembramo-nos que passámos por uma pequena festa/feira e devem ter farturas, e há imenso tempo que nos apetece comer farturas juntos. E como acabo sempre por ter alguma sorte, compramos as farturas que nos deliciam essa noite quente de Agosto com cheiro a canela, e que me fazem perceber ainda mais porque razão gosto tanto de ti, e que a minha espontaneidade e aventura, transformam a nossa relação em algo muito especial. Vês? Se eu não tivesse deixado para comprar o bilhete à última da hora, não nos tínhamos lambuzado em farturas a noite toda. Ainda bem que eu deixo tudo para a última da hora!

24 comentários:

Pralaya disse...

Ui o que eu gosto de farturas e Churros.....
Enfim e comer as mesmas acompanhado deve ter um sabor dobrado...

Rama disse...

LOL... gostei desse final... :) e da aventura do dia digamos...

abraço
porta-t

Will disse...

Eu pratico exactamente o mesmo lema... infelizmente não costumo ter assim tão bons resultados!

Moura ao Luar disse...

Homens.... pareces o meu gajo, é um despassarado, deixa tudo para a última da hora depois tenho de andar a correr atrás das coisas para ele n s dar mal... e depois é como se nada fosse, acha que está tudo bem, ainda ri e sorri e para a próxima faz igual ;-)

peter_pina disse...

moura ao luar: ha coisas k sao mais fortes k nós!

Pedro Eleutério disse...

Muito engraçada esta crónica. Deixa sempre um sorriso depois de um grande suspiro de alívio quando as coisas, depois da tormenta, dão certo. Mas o que seria da vida sem estes pequenos pormenores... e afinal se o bilhete tivesse sido comprado antes não teriam farturas.

abraço
Pedro

Marco Fav disse...

Eu também faço parte do clube dos retardatários! Mas nunca direito a farturas por isso!

Paulo disse...

Os últimos são os primeiros.

Catarina disse...

Ola
Deliciosas as suas cronicas!!!
Hà palavras assim, que tem som e sabor:)
Obrigado pela sua visitinha à minha villedelumiere!

E jà agora, essa piada da Dona Sonia deixa-me uma vontade de... esmurrar o palerma que se lembrou de fazer gracinha com a pobre da mulher!!! Se ele fosse fazer graça com a dondoca da mãe dele que não lhe deu formação nem educação!!!

Bjtos

beleza de mulher disse...

é sempre assim te esqueces de tudo e de mim ai ai ai


olha passa neste blog e dança um pouco querido tem premio se souberes dançar como ele hehehehhe

http://necrofagismomacrobioticoexistencial.blogspot.com/

Conguitos disse...

Tb me acontecem sempr ecoisas deste genero quando vou a casa. Então nas viagens de comboio tenho imensas histórias para contar.
Beijinhos

Anónimo disse...

Bem, em primeiro lugar obrigado por visitares o meu "cantinho". Devo dizer que já fiz um tour a todos os teus blogs, mas o que gosto mais é este!!! (vou linkar e vou voltar :) ). Gosto da maneira que escreves / descreves as situações. Parabéns pelo blog.

Abraço!

zetrolha disse...

Eu gosto de churros e também gosto dos primos destes:os charros.
Não tens aparecido no meu blog.Acho que vou ter que partir prá ameça...

beleza de mulher disse...

então bonitão quando vens de viagem hummm olha eu aqui a querer uns churros quentinhos và là não te esqueças ok ok !!!




beijocas e bom domingo

borrowingme disse...

aqui vim parar e confesso que por sugestão...
também sou um bocadinho preguiçosa mas dentro da organização.

bom domingo e até já

Phantom of the Opera disse...

Lá se vai a dieta mas que sabe bem...sabe.Neste S.João matei as saudades.

Abraço

Nuno Gonçalo disse...

Só tu Pedro! Pois eu sou uma mistura das duas coisas! Comecei a fazer a mala para Roma uma semana antes do dia de partir. Mas só hoje - véspera - é que pus lá as coisas e agora vou ter que ir a Coimbra porque me falta uma data de coisas! E ainda nem sequer cortei o cabelo! BAH! Vou ausentar-me alguns dias, volto cá dia 2 de Julho, vou para o meu país preferido =D
P.S.: Detesto cortar o cabelo!

Anónimo disse...

Olá Pedro
já há tempos tenho lido os teus comentários em blogs que ambos frequentamos, e pegando no conteúdo do teu texto, já há tempos andava com vontade de vir espreitar este teu espaço; pois foi hoje, e gostei bastante.
São escritos ao correr da pena, como se diz, sem a preocupação de escrever bonito, mas sim o que se sente.
Vou voltar sempre que possa e espero não te aborreças de ver o teu blogue nos meus links.
Abraço.

o_ParaKedista disse...

Também gostei, tá muito giro o post ;)
Agora, de regresso ao estudo, behhh...
Abraço=p

Graduated Fool disse...

São estas pequenas coisas que dão tanta graça e ânimo à vida. Adoro estas histórias.

Conclusão: Continua com o teu lema!

Abraço

Anónimo disse...

hehe...

LoiS disse...

Desculpa a ausência mas tenho andado super ocupado entre férias ;)

É isso mesmo, "Always Look on the Bright Side of Life". A coisa parece que corre mal mas de facto existe sempre o bom "da coisa"!

Abraços,
LoiS

Hugo Filipe Nunes disse...

Pois é Pedro, eu também gosto muito desse lema... mas não tenho a sorte de ter alguem com quem comer farturas.

Abraço!

fFliphugo!

Denise disse...

As melhores coisas acontecem quando menos esperamos por elas... Quando nos atrasamos, quando menos esperamos que elas aconteçam...
Gosto de ti e continuo sem PC...
Beijinhos...

Manda mail...!